sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Violência contra os estudantes da Unifesp a mando do reitor.

Assim como ocorreu na nossa ocupação, a reitoria da Unifesp não hesitou em chamar a repressão policial contra os estudantes. Mas nós conseguimos uma negociação; eles não.
Abaixo um relato do ocorrido.

"Galera, o choque chegou!"

Na segunda-feira a tarde dois oficiais de justiça chegaram ao campus para a entrega da reintegração de posse imediata. Porém, a próxima Assembléia Geral seria apenas no dia seguinte, então continuamos ocupados. Alguns parlamentares compareceram ao campus e tiveram, na frente dos alunos, uma conversa, via celular, com o reitor da unifesp, Ulysses Fagundes Neto. Nessa conversa o reitor negou-se a conversar com os estudantes, assim como negou o pedido para que não se usasse força policial ao menos até quarta-feira, já que a nossa Assembléia Geral estava marcada para terça a noite. Por ele, a reintegração de posse seria realmente imediata. Da forma que fosse. Depois de negociações com a juíza que concedeu a reintegração de posse, ela garantiu que não seria usada força policial antes de quarta-feira, ao meio-dia, para que a Assembléia Geral acontecesse. E de fato aconteceu. Mas durante todo o dia vimos carros parados, com pessoas dentro, na entrada da universidade, observando quem entra e quem sai. Os famosos P2. No início da madrugada de quarta-feira,um rapaz perguntou sobre a Soraia. Mas não havia nenhuma Soraia. Depois o nome mudou para Sheila. Ficou horas na porta esperando por essa moça que, segundo ele, "estudava direito da USP e estava vindo de São Paulo, e ele estava lá para busca-lá, no bairro dos Pimentas". Acreditou? A gente também não. Cerca de 2 horas da manhã, tum tum tum, pá pá pá, "galera, o choque chegou!". E bota choque nisso. Na imprensa dizem que havia cerca de 130 pms, mas só pode afirmar isso quem ou não esteve lá ou não sabe contar direito. Havia choque nos cercando em todos os cantos, dentro do teatro, em volta do prédio, fechando a entrada da universidade, fechando os fundos, fechando a rua em cima e embaixo. Pouco mais de 40 estudantes, pouco mais de 400 pms. Qualquer forma de resistência seria um massacre. Deixaram-nos levar alguns colchões para passarmos a noite. E em duas viagens, levar algumas coisas para o Centro Acadêmico. Apenas sete poderiam fazer esse transporte. Escoltados pelo choque. Ao chegar na porta dos C.A.s não nos foi permitido entrar antes de "averiguação e liberação" . O CHOQUE ENTROU NO NOSSO CENTRO ACADÊMICO. E AINDA NOS DISSE QUANDO NÓS PODERÍAMOS ENTRAR TAMBÉM. Nem na escrota desocupação do Lgo. São Francisco o choque entrou no C.A. Sentimento de impotência. Ferida aberta, sangrando. Depois todos foram fichados no local mesmo. E o vereador Albertão esperando do lado de fora, na parte baixa da rua, impedido de subir. Acontece que ele é da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Veradores de Guarulhos. E mesmo sendo seu direito e dever acompanhar reintegrações de posse para averiguar se não terá abuso, foi impedido de subir. Mudança de postura da PM. Preocupação. Fomos desocupados, reprimidos e não fomos ouvidos. Mas a luta não pára. Mais uma vez o reitor Ulysses Fagundes Neto tentou calar o Movimento Estudantil. E mais uma vez, apesar das feridas - internas em todos e externas em alguns que ainda não se recuperaram totalmente das agressões dos seguranças - voltamos mais fortes, cada vez mais fortes. Agradecemos a todos que nos apoiaram e a todos que, mesmo com opiniões diferentes, estavam dispostos a participar das Assembléias, a conversar, a debater idéias, pois é dessa forma que construímos um verdadeiro e forte movimento estudantil. E não com repressão.
NAS RUAS,NAS PRAÇAS, QUEM DISSE QUE SUMIU? AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL
POR EDUCAÇÃO PÚBLICA, GRATUITA, DE QUALIDADE E PARA TODOS.

Um comentário:

Renan C. P. Soares disse...

A repressão é a mostra que estamos incomodando. O governo, através dos reitores, estão morrendo de medo, pois o REUNI uma onda de revolta que mobilizou os estudantes que apostam numa universidade pública e de qualidade, contra o escolão que o governo Lula quer criar, para assim poder dizer que ampliou as vagas nas universidades. Mas nós gritamos: "EXPANÇÃO SEM QUALIDADE, NÃO!" E esse clamor foi gritado por tantas vozes, que eles tremeram na base, resolvendo partir para cima, do jeito que mais sabem... à força!

Pela força das armas da repressão, eles vencem. Mas nós vencemos é nas idéias!