Polícia Federal dá prazo até às 14h para desocupação da reitoria da UFF
Estudantes mantém ocupação contra Reuni
A Polícia Federal esteve essa manhã na reitoria da UFF (na Miguel de Frias, Icaraí, Niterói) para vistoriar o prédio e tornar a ordenar a desocupação das instalações. Os oficiais deram prazo até às 14h da tarde de hoje (quarta, dia 24/10) para que os estudantes se retirassem por bem, depois disso a retirada seria efetuada pela força. Os estudantes exigem uma audiência pública com a administração da universidade. Finalmente, o reitor da UFF, Roberto Salles, aceitou realizar uma reunião com comissão formada pelo Diretório Central dos Estudantes e a Associação dos Docentes da UFF.
Essa reunião foi marcada para às 13h de hoje. Nesse momento, os representantes do movimento devem estar apresentando as reivindicações que abarcam a realização de uma audiência pública com a reitoria, a retirada do mandato de ordem de reintegração de posse, a não perseguição política, jurídica e administrativa a qualquer integrante da ocupação.
Nessa audiência pública, além de organizar um processo democrático de deliberação da posição da UFF sobre o Reuni, também serão colocadas outras questões como a garantia de apoio estrutural ao acampamento estudantil no campus do Gragoatá, a definição de prazos para a construção da moradia universitária e a realização de um congresso paritário na universidade (com participação igualitária de estudantes, professores e técnicos) para construir uma alternativa propositiva dos rumos da UFF.
Ação arbitrário de reitor motiva ocupação
Dezenas de estudantes da universidade tomaram a sede administrativa da UFF indignados com o fato do reitor ter cancelado o Conselho Universitário dessa terça-feira, dia 23 de outubro. Nesse CUV seria votada a posição da universidade em relação ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Devido ao forte movimento de debate e conscientização organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFF), Associação de Docentes da UFF (ADUFF) e do Sindicato dos Trabalhadores da UFF (Sintuff) a maioria dos Conselheiros Universitários declaravam votar contra o projeto da UFF para o Reuni. Com a grande possibilidade de perder essa votação e os recursos prometidos pelo Governo Federal, o reitor abriu o Conselho informando que não havia condições de sua realização e decretou o cancelamento do CUV. Sem consulta aos presentes. Sem ouvir os conselheiros. Enfim, numa ação extremamente autoritária e incondizente com o espírito democrático que deveria reger a universidade pública.
Tamanha calamidade, levou as centenas de estudantes presentes no Conselho e se manter na reitoria desde às 9:00h da manhã da terça até o momento, sem previsão de saída do prédio da administração central da UFF. A idéia é permancer lá até que se reverta a posição intransigente do Roberto Salles e que se reinstaure o mínimo de democracia na instituição.
Por que ser contra o Reuni?
O projeto de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI – que tem como premissa acelerar o processo de formação dos estudantes de graduação e também sua saída para o mercado de trabalho, seria um método válido de desenvolvimento da educação, caso tal acesso fosse conduzido com a garantia de qualidade de ensino e da permanência por meio da assistência estudantil. Porém, tal projeto, da forma como está sendo proposto, vem estreitamente vinculado ao processo de precarização da Universidade.
Não se democratiza o acesso à universidade apenas por aumentar o número de vagas. A promoção da inclusão das classes mais desfavorecidas da população é necessária, inclusive faz parte do cenário de reivindicações do Movimento Estudantil. Entretanto, da forma como vem sendo conduzida, acaba gerando um ensino desqualificado, no momento em que descaracteriza o sentido da universidade, respaldada pelos eixos ensino, pesquisa e extensão. O plano é ainda excludente, pois proporcionalmente reduz os gastos com Assistência Estudantil, uma vez que propõe média de 18 alunos por professor, o que resulta ainda em salas superlotadas, prejudicando o ensino.
Mais informações:
Daniel Nunes – coordenador de comunicação o DCE-UFF
9964-9242
Obs: Entrada liberada na reitoria
Estudantes da ocupação da UFF informam que não está sendo impedida a entrada de funcionários, professores e demais membros da comunidade no prédio. Embora os estudantes permaneçam no hall, desde o início do expediente desta quarta a passagem está liberada. Apesar disso, alguns trabalhadores que vieram para o trabalho não permaneceram, segundo os próprios, porque as salas permanecem trancadas pela administração da universidade.
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