terça-feira, 23 de outubro de 2007

Comunicado da ocupação da Universidade Federal Fluminense à sociedade

A Universidade Federal Fluminense está ocupada.

Após uma sucessão de golpes aplicados na comunidade acadêmica, o Conselho Universitário (CUV) que votaria a adesão ou não ao projeto de reestruturação das universidades federais (Reuni) seria realizado essa manhã, no Cine Art UFF, que fica na prédio da reitoria. Diante da certeza de que o decreto seria barrado na votação, tendo em vista o grande número de colegiados de cursos que deliberaram posição contrária ao decreto e a massiva mobilização estudantil, o reitor Roberto Salles deu um golpe: declarou suspenso o conselho logo após seu início, e retirou-se do local.

O movimento contrário ao Reuni, integrado pelo DCE, bem como pela ADUFF e o SINTUFF, estava presente em massa no local do conselho e, em plenária, deliberou que se iniciasse uma ocupação na reitoria, integrada à ocupação já existente no hall da mesma, que tem como pauta principal a construção da moradia estudantil.

No fim da tarde, recebemos o informe de que o reitor Roberto Salles havia publicado um comunicado no site da UFF, retirando o projeto de Reuni da universidade da pauta do conselho universitário e encaminhando-o para a Comissão de Orçamento e Metas do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), e lembrando que o prazo de adesão ao decreto pelas IFES era o dia 17 de dezembro – ou seja, haveria tempo suficiente para a reitoria se reerguer e articular novo golpe.

Mas o ponto mais impressionante do comunicado foi a alegação de que a suspensão do conselho tinha se dado “para garantir o direito, a liberdade e o respeito pela instituição” e que seriam tomadas “as medidas cabíveis” para ter certeza de que os atos mobilizadores do movimento contrário ao Reuni não mais prejudicassem a democracia na universidade.

No fim da plenária, quando nos encontrávamos em situação razoavelmente dispersa, duas viaturas da Polícia Federal chegaram ao prédio da reitoria com um mandato de reintegração e posse. Os policiais exigiram a desocupação imediata do prédio e deram ao movimento um prazo até amanhã de manhã para que esta seja realizada. Alegaram ainda que a abordagem era pacífica, mas ficou implícito que caso a desocupação não se realizasse... a polícia tomaria, por sua vez, “as medidas cabíveis”.

É dessa forma que o reitor Roberto Salles quer garantir a liberdade e a democracia na universidade: chamando a polícia federal contra os estudantes que têm como desejo garantir a universidade pública e de qualidade para todos.

É imprescindível denunciar a sociedade como se está tentando aprovar o decreto do Reuni nas universidades federais: com golpes, violência e, principalmente, total esfacelamento da parca democracia conquistada pelos movimentos sociais acadêmicos. Nem mesmo os conselhos universitários, onde o setor majoritário estudantil é minoria, estão sendo respeitados.

Os estudantes da UFF, a ADUFF e o SINTUFF disseram não ao Reuni. Um enorme número de colegiados de curso e conselheiros universitários disse não ao Reuni.
O próprio vice-reitor Emmanuel Andrade disse não ao Reuni. E diante disso tudo a reitoria jogou a carta da repressão covarde sobre a comunidade acadêmica.
Mas nós seguimos firmes na ocupação, e conclamamos toda a sociedade, destacadamente os estudantes e os movimentos de ocupação espalhados pelo Brasil, a juntar-se a nós nessa luta pela educação.

Um comentário:

ze rodolfo disse...

gALERA A UFC E a UFRRJ(RURAL Aqui do rio) tão ocupadas também.